O Barroco é conhecido como
a “arte do conflito”, pois o homem estava dividido
entre dois valores diferentes – teocentrismo x antropocentrismo -. Em vista
disso, o Barroco se divide em duas correntes (uma otimista e uma pessimista)
Por causa dessa mudança na mentalidade, o homem entra numa grande depressão,
pois ele não pode mais recorrer a Deus. Esse conflito vai se refletir nas artes
da época, inclusive na literatura.
“Ora, o estilo barroco se enraizou com
mais vigor e resistiu mais tempo nas esferas da Europa neolatina que sofreram o
impacto vitorioso dos novos estados mercantis. É na estufa da nobreza e do
clero espanhol, português e romano que se incuba a maneira barroco-jesuítica:
trata-se de um mundo já em defensiva, organicamente preso à Contra-Reforma e ao
Império filipino, e em luta contra as áreas liberais do Protestantismo e do
racionalismo crescente na Inglaterra, na Holanda e na França.” (BOSI, Alfredo. História Concisa da
Literatura Brasileira - São Paulo: Editora Cultrix, 1994, pags 29)
“Se partimos da exegese do estilo barroco em termos
de crise defensivada Europa pré-industrial, aristocrática e jesuítica, perante
o avanço do racionalismo burguês, então entenderemos o quanto de angústia, de
desejo de fuga e de ilimitado subjetivismo havia nessas formas.” (BOSI, Alfredo. História Concisa da
Literatura Brasileira - São Paulo: Editora Cultrix, 1994,pags 34)
O
Barroco é entendido como um estilo de traços bem definido nas artes visuais e
plásticas, bem como na literatura, correspondente, de modo geral, do século
XVII.
A
partir deste princípio, a termo costuma também ser compreendido de várias
outras maneiras.
Como
um estilo de vida e de arte, de pensamento de ação de divertimento, de governo,
de prosa e de verso, até de atividade religiosa, que se seguiu ao
renascentista. É tudo o que há de mais contrário à clareza, ao tipo linear; à
nitidez de contornos da civilização no tempo do renascimento. “Sem que
signifique uma repulsa daqueles ideais, mas uma tentativa de conciliação, de
incorporação, de fusão (o fusionismo é o traço predominante no Barroco), do
ideal, medieval, espiritual, supraterreno, com os novos valores que o
Renascimento pôs em relevo: o humanismo, o gosto da arte, as satisfações
mundanas e carnais. A tática ocorreu da Contra-Reforma, no intuido, consciente
o insconsciente, de combater o moderno espírito, absorvendo-o no que tinha de
mais aceitável. Dessa tática nasceu o Barroco, novo estilo de vida” (Estilos de
época na literatura – Domício Proença Filho; pág. 140.)
Nosso Senhor Barroco (Barroco de
Indias)
Para
o escritor e crítico Carlos Fuentes, o Barroco ibero-americano é uma contração
entre a Utopia perdida e a Épica perversa do Novo Mundo, na medida em que
ambas, em sua postulação americana, descansam sobre a ideia do espaço, da forma
de espaço e da liberação desse mesmo espaço. Ainda para Fuentes, baseado nos
escritos do cubano José Lesama Lima, “Corpo e palavra do Barroco”, o Barroco é
um dos nomes da fundação da América espanhola, se revela como um ato para
sempre compartido entre Europa e América, ele preenche o vazio deixado pela conquista
e destruição da Utopia e da Épica fundadoras do Novo Mundo.
Humberto
Eco pensa o Barroco como um assalto contra as hierarquias privilegiadas, uma
negação do definido, do estático. O Barroco é a forma dinâmica, da forma do
novo mundo da ciência e do descobrimento, o mundo de Copérnico y de Cristóvão
Colombo que, ao contrário de respeitar o centro das coisas essenciais e
eternas, o desloca, multiplica os eixos do universo e procura uma visão
indeterminada das coisas.
“Desde então, em ambos lados do
Atlântico, o Barroco será a arte do inacabado, a arte do difícil, a arte da
instabilidade e a arte das fugacidades da fortuna, do tempo e da glória. A
Espanha e a América Espanhola cantam no Barroco o mesmo canto do desencanto de
Góngora”:
Mal
te perdoarão a ti las horas;
as
horas que limando estão os dias,
os
dias que roendo estão os anos...