quinta-feira, 7 de junho de 2012

Barroco


O Barroco é conhecido como a “arte do conflito”, pois  o homem estava dividido entre dois valores diferentes – teocentrismo x antropocentrismo -. Em vista disso, o Barroco se divide em duas correntes (uma otimista e uma pessimista) Por causa dessa mudança na mentalidade, o homem entra numa grande depressão, pois ele não pode mais recorrer a Deus. Esse conflito vai se refletir nas artes da época, inclusive na literatura.

“Ora, o estilo barroco se enraizou com mais vigor e resistiu mais tempo nas esferas da Europa neolatina que sofreram o impacto vitorioso dos novos estados mercantis. É na estufa da nobreza e do clero espanhol, português e romano que se incuba a maneira barroco-jesuítica: trata-se de um mundo já em defensiva, organicamente preso à Contra-Reforma e ao Império filipino, e em luta contra as áreas liberais do Protestantismo e do racionalismo crescente na Inglaterra, na Holanda e na França.” (BOSI, Alfredo. História Concisa da Literatura Brasileira - São Paulo: Editora Cultrix, 1994, pags 29)
“Se partimos da exegese do estilo barroco em termos de crise defensivada Europa pré-industrial, aristocrática e jesuítica, perante o avanço do racionalismo burguês, então entenderemos o quanto de angústia, de desejo de fuga e de ilimitado subjetivismo havia nessas formas.” (BOSI, Alfredo. História Concisa da Literatura Brasileira - São Paulo: Editora Cultrix, 1994,pags 34)

O Barroco é entendido como um estilo de traços bem definido nas artes visuais e plásticas, bem como na literatura, correspondente, de modo geral, do século XVII.
A partir deste princípio, a termo costuma também ser compreendido de várias outras maneiras.
Como um estilo de vida e de arte, de pensamento de ação de divertimento, de governo, de prosa e de verso, até de atividade religiosa, que se seguiu ao renascentista. É tudo o que há de mais contrário à clareza, ao tipo linear; à nitidez de contornos da civilização no tempo do renascimento. “Sem que signifique uma repulsa daqueles ideais, mas uma tentativa de conciliação, de incorporação, de fusão (o fusionismo é o traço predominante no Barroco), do ideal, medieval, espiritual, supraterreno, com os novos valores que o Renascimento pôs em relevo: o humanismo, o gosto da arte, as satisfações mundanas e carnais. A tática ocorreu da Contra-Reforma, no intuido, consciente o insconsciente, de combater o moderno espírito, absorvendo-o no que tinha de mais aceitável. Dessa tática nasceu o Barroco, novo estilo de vida” (Estilos de época na literatura – Domício Proença Filho; pág. 140.)

Nosso Senhor Barroco (Barroco de Indias)

Para o escritor e crítico Carlos Fuentes, o Barroco ibero-americano é uma contração entre a Utopia perdida e a Épica perversa do Novo Mundo, na medida em que ambas, em sua postulação americana, descansam sobre a ideia do espaço, da forma de espaço e da liberação desse mesmo espaço. Ainda para Fuentes, baseado nos escritos do cubano José Lesama Lima, “Corpo e palavra do Barroco”, o Barroco é um dos nomes da fundação da América espanhola, se revela como um ato para sempre compartido entre Europa e América, ele preenche o vazio deixado pela conquista e destruição da Utopia e da Épica fundadoras do Novo Mundo.
Humberto Eco pensa o Barroco como um assalto contra as hierarquias privilegiadas, uma negação do definido, do estático. O Barroco é a forma dinâmica, da forma do novo mundo da ciência e do descobrimento, o mundo de Copérnico y de Cristóvão Colombo que, ao contrário de respeitar o centro das coisas essenciais e eternas, o desloca, multiplica os eixos do universo e procura uma visão indeterminada das coisas.
Desde então, em ambos lados do Atlântico, o Barroco será a arte do inacabado, a arte do difícil, a arte da instabilidade e a arte das fugacidades da fortuna, do tempo e da glória. A Espanha e a América Espanhola cantam no Barroco o mesmo canto do desencanto de Góngora”:

Mal te perdoarão a ti las horas;
as horas que limando estão os dias,
os dias que roendo estão os anos...